Inspirada noutras utilizações como “galinhas de campo virtual” este ano (2019) foi testada uma nova aplicação destas tecnologias onde foram colocados óculos de realidade virtual em vacas leiteiras para testar a eficácia da manipulação do seu estado “emocional” para aumentar e melhorar a produção de leite, uma vez que as condições precárias onde são explorados os animais, geram uma enorme carga de stresse e tensão, o que impede um maior aproveitamento do seu potencial rendimento máximo levando assim os produtores a procurarem soluções para rentabilizar a produtividade, não investindo no melhoramento das condições reais, mas sim criando a aparente ilusão do conforto de um ambiente sereno e livre onde o animal não se sente preso.
Esta ideia aplicada à população humana com a hipotética interação direta de aparelhos com o sistema nervoso através de nanotecnologias, pode criar uma realidade distópica onde uma grande parte da população sente uma imersão numa experiência tão realista que a associa à realidade de consenso, não conseguindo distinguir se o sentimento criado por uma ação é real ou não. Isto seria vantajoso para os criadores deste sistema hipotético uma vez terem grande controlo sobre as ações dos utilizadores. Estes seriam movidos pela a necessidade da busca de emoção apenas conseguida através do consumo de conteúdo transmitido pelos meios de comunicação que provocam uma reprogramação sentimental que leva o utilizador a ficar inativo perante algumas situações e o estimula a consumir mais produtos que este ache necessários ao seu “bem estar” perpetuando assim o ciclo de exploração da humanidade através do aparente “livre-arbítrio” que este sofisticado modelo implementou.
Passando agora para uma visão mais realista do futuro destas tecnologias pode concluir-se, através da análise dos grandes investimentos, a queda da realidade virtual face à realidade mista visto que esta apresenta menos riscos para a saúde, tanto mental como física devido à persistência de uma base de realidade que permite o utilizador sentir maior conforto psicológico como até criar um maior grau de imersão devido à proximidade que a experiência tem com a realidade do utilizador.
Deste modo o avanço nestas áreas deve ser no âmbito de criar interfaces que coexistam com a realidade para criar meios que auxiliem os utilizadores com os problemas do quotidiano, não apenas criar um escape da realidade, mas sim uma melhoria.
Para fazer face à dificuldade na criação de conteúdo para estes dispositivos, embora uma ideia utópica, as empresas deveriam trabalhar em conjunto para a constituição de uma interface uniforme que permita a criação de uma codificação de conteúdos mais eficaz onde se disponibilizassem as ferramentas de criação de conteúdo aos utilizadores, tornando assim todo o sistema mais apelativo ao consumidor final uma vez este conseguir, não só participar no processo da criação do seu próprio mundo virtual como também usufruir de todo o processo criativo da comunidade virtual que abrange esta tecnologia uniformizada, acabando assim com o sentimento de falta de liberdade de escolha de conteúdos que alguns utilizadores experienciam.